terça-feira, 1 de novembro de 2016

TÚNEL DO TEMPO FLASH 90´S..Idosos Órfãos De Filhos Vivos . Muitos jovens esqueceram por tantas vezes , nós, país, os alimentaram, tantas foram as renúncias em detrimento do melhor pra eles. Tantos e tantos. Agora que , no auge da experiência, nos falta agilidade nos gestos, capacidade de organização. Agora que treme as mãos, muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar-nos ao médico, aos laboratórios. Irritam-se pelo nosso andar mais lento e todas as dificuldades que o tempo nos imponhe. Nestas últimas décadas surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família. E que permitem seus idosos ser, alienados aos tempos moderno. Nada justifica esse descaso aos velhos nosso de cada dia. A evasão dos mais jovens em busca de recursos de sobrevivência e de desenvolvimento, sempre ocorreu. Trabalho, estudos, fugas das guerras e perseguições, a seca e a fome brutal, desde que o mundo é mundo pressionou os jovens a abandonarem o lar paterno. Também os jovens fugiram da violência e brutalidade de seus pais ignorantes e de mau gênio. Nada disso, porém, era vivido como abandono: era rompimento nos casos mais drásticos. Era separação vivida como intervalo, breve ou tornado definitivo, caso a vida não lhes concedesse condição futura de reencontro, de reunião. Muita coisa mudou sim. Mas o que não mudou, foi o amor envelhecido pelo tempo, renovando-se no dia a dia por seus filhos e netos. Ainda como antes, mesmo quando um filho não está presente na vida de seus pais, sua voz ao telefone, agora enviada pelas modernas tecnologias e, com ela as imagens nas telinhas, carrega a melodia do afeto, da saudade e da genuína preocupação. E os mais velhos nutrem seus corações e curam as feridas de suas almas, por que se sentem amados e podem abençoá-los . Nos tempos de hoje, porém, dentro de um espectro social muito amplo e profundo, os abandonos e as distâncias não ocupam mais do que algumas quadras ou quilômetros que podem ser vencidos em poucas horas de atenção aos seus velhos. Lamentavelmente não é o que acontece. Nasceu uma geração de ‘pais órfãos de filhos’. Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira. Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país. Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança. Mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – mas da crença de que seus pais possam não lhes ser mais úteis. Paulo Sérgio Rodrigues Paulinho Cigano...

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